sexta-feira

Bolas Sabão

Fernando Pessoa (homem/natureza/progresso)
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha São translucidamente uma filosofia toda. Claras, inúteis e passageiras como a Natureza, Amigas dos olhos como as cousas, São aquilo que sãoCom uma precisão redondinha e aérea, E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa, Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores E que só sabemos que passa Porque qualquer cousa se aligeira em nós E aceita tudo mais nitidamente.

Sem comentários: