domingo

TERRAMOTO (S)


E este novo projecto está em "erupção" de processo de trabalho. Depois de avançarmos com a proposta de encontrar uma fisicalidade comum, uma organicidade que todos pudessemos partilhar nesta construção. Começamos por baixo (pensamos que as raízes são o princípio de todas as coisas!), e daqui advieram os nossos pés e a nossa maneira de andar. Encontramos um andar característico, e surgiu a ideia de trabalharmos os nossos pés consoante os estágios da vida/estágio cénicos/9 cenas; isto é, procurar a movimentação e a FORMA dos pés de um bebé (e como isto influi em toda a fisicalidade), e progredir etáriamente até encontramos a forma dos pés de um morto - que nunca conseguem estar paralelos, porque o morto não possuí a FORÇA de comandar nos seus próprios pés. Um outro aspecto da nossa nova fisicalidade tem a ver com a noção de direcção: achamos uma parte do corpo como sendo a parte fundamental e orientadora da nossa direcção do espaço. Por exemplo, se queres ir do ponto A para o ponto B, em vez do teu ser ir em totalidade, é a tua anca e o teu joelho que te projectam primeiro. Ou seja, há uma parte do corpo que se antecipa quando mudas de direcção, e que transporta todo o corpo consigo. E por falar em antecipação, falamos também em atraso. Esta ideia foi-nos especialmente querida, a pontos de gostarmos muito de a poder experimentar in loco em vários sítios, de modo a torná-la quotidiana e orgânica em nós: trata-se de um MOVIMENTO ESPIRALADO (nomenclatura da Alface!), que inverte toda a estrutura dita "normal" no comportamento do Homem ainda na mudança da direcção. Simplificando, a tua cabeça é a última coisa a virar-se. Tornando isto prático, tomemos o encontro dos dois namorados que se vão abraçar, estando de costas um para o outro. Ao virarem para se abraçar e beijar, primeiro os braços entrelaçam e os corpos encontram-se e só no final as duas cabeças se cruzam. E quando queres mudar de ponto, vai todo o teu corpo primeiro (relembrar o joelho e a anca), e a cabeça permanece nesse mesmo ponto e é a última a «ceder» na direcção. Uma outra ideia, que já tinha surgido na mesa, é a ideia de um cardume magnético entre nós três. Um triângulo dentro do triângulo. Mais ou menos como se fossemos cavalos marinhos... e quando a nossa direcção muda, as nossas cabeças giram em opostos. Estamos sempre em oposição uns com os outros... exploramos os desiquilíbrios sempre que nos queremos deslocar, sendo que no ponto máximo do des(equilíbrio) [aquele em que não sabes se ficas não sabes se cais] a tua expressão facial dilata-se para, quando finalmente cais no chão e restabeleces ao teu equilíbrio, te centrares e a tua expressão facial voltar a um estado neutro.

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